quinta-feira, 28 de junho de 2012

[Resenha] O Hobbit - J. R. R. Tolkien

Olá a todos!

Primeiramente gostaria de agradecer aos leitores que me acompanharam até agora, quando o blog está quase completando um mês, e também aos que ainda irão acompanhar futuramente. Trago desta vez uma resenha que escrevi sobre um livro que li recentemente, e provavelmente é conhecido por muitos: O Hobbit. Espero que apreciem!

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O Hobbit (The Hobbit, or There and Back Again)

Capa da edição brasileira lançada pela editora Martins Fontes

- Título: O Hobbit
- Título original: The Hobbit, or There and Back Again
- Autor: J. R. R. Tolkien
- Gênero: Fantasia medieval - Infanto-juvenil
- Ano de lançamento: 1937
- Sinopse: "Bilbo Bolseiro é um hobbit que leva uma vida confortável e sem ambições, raramente aventurando-se para além de sua despensa ou sua adega. Mas seu contentamento é perturbado quando Gandalf, o mago, e uma companhia de anões batem à sua porta e levam-no para uma expedição. Eles têm um plano para roubar o tesouro guardado por Smaug, o Magnífico, um grande e perigoso dragão. Bilbo reluta muito em participar da aventura, mas acaba surpreendendo até a si mesmo com sua esperteza e sua habilidade como ladrão."

Mais que um mero prelúdio de O Senhor dos Anéis, O Hobbit é uma obra com vida própria. Por outro lado, é complicado escrever uma análise deste livro sem fazer uma relação com seu sucessor, portanto algumas pequenas comparações ao longo da resenha serão inevitáveis.

No geral a obra é recheada de fantasia com fortes traços de comédia, causada principalmente por meio do narrador que nos conduz à mente do “pobrezinho do Bilbo”. Em algumas passagens mais sérias o leitor fica realmente tenso, prendendo a respiração, como as cenas envolvendo os orcs, os wargs, e muitas outras, mas a obra se caracteriza bem como um romance infanto-juvenil (e particularmente genial) feito principalmente para divertir quem está lendo.

A leitura é agradável e de fácil entendimento. O cenário é descrito minuciosamente, o que pode causar certa estranheza inicial e fazer o leitor julgar que o livro é maçante, porém não é algo impossível de se acostumar com persistência. Em poucas páginas a história já cativou o bastante para que a pessoa nem ligue mais para o excesso de descrições (o que é compreensível, penso que Tolkien queria que cada leitor imaginasse exatamente a Terra-Média criada por ele, nos mínimos detalhes).

A história se desenrola em um ritmo agradável, com certas passagens tendo desfechos bastante inesperados e surpreendentes, na maioria das vezes devido ao próprio Bilbo. Falando nele, é visível sua evolução ao longo da trama, mas para não revelar muito sobre o enredo falarei dele no capítulo inicial: um hobbit preguiçoso, que tem tudo o que queria, uma vida excelente, uma toca confortável, mas no fundo anseia por uma aventura fantástica. Quantos de nós não temos desejos aventureiros assim, de vez em quando? Será que no lugar de Bilbo, faríamos uma escolha diferente da que ele fez?

Os demais personagens são um pouco apagados (exceto por Gandalf, Thorin, Bombur, e outros personagens que aparecem mais perto do fim da trama), porém consegui identificar certas características de alguns dos anões. Outro ponto interessante a ser considerado (embora não seja algo exclusivo d’O Hobbit ou mesmo de Tolkien) é que podemos ter certas impressões de como era a Inglaterra do tempo em que o livro foi escrito – por exemplo, no capítulo “Adivinhas no Escuro”, muitos talvez achem as adivinhas estranhas, bobas, ou coisa assim, mas suponho que eram bastante populares e comuns naquela época.

No mais, O Hobbit é um ótimo livro, e perfeito para o leitor se introduzir ao universo fantástico criado por Tolkien – O Senhor dos Anéis e as obras que o sucedem possuem uma leitura bem mais complexa e uma história mais densa, por isso considero que o melhor é começar por O Hobbit mesmo. Para os que já leram ou assistiram O Senhor dos Anéis e gostaram, é uma ótima pedida, pois muitos fatos que ocorreram n’O Hobbit explicam elementos existentes nas obras seguintes. Que venha a adaptação cinematográfica de Peter Jackson no final deste ano!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

[Conto] O Caminho da Esperança - Parte Um

Olá, leitores!

Trago agora o primeiro texto literário do blog, inaugurando a seção de Contos. A maior parte deles será narrada em primeira pessoa, como este que foi escrito há alguns dias. Espero que gostem!

- Nome: O Caminho da Esperança - Parte Um
- Tipo: Conto
- Gênero Principal: Drama
- Recomendação Etária: Livre
- Sinopse: Uma garota solitária perde a mãe. A partir desse fato, percebe o quanto desperdiçara a vida com coisas banais até então.


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O Caminho da Esperança

Muito longe os sinos de uma catedral choravam, e seus lamentos chegavam aos meus ouvidos após invadirem o quarto do hospital pela janela. Cada badalada soava como um baque torturante para mim, que cerrava os punhos e fixava meus olhos cinzentos no leito a minha frente, sentindo-me sem chão. Por um instante pensei em desviar o olhar, mas não queria que as outras pessoas percebessem a minha fraqueza.

No instante seguinte, repreendi-me por conter as lágrimas. Ora, eu estava sozinha! Podia exteriorizar todo o sofrimento que sentia e ninguém jamais saberia... Mas mesmo assim, desagradava-me a idéia de chorar naquela situação. Hesitante, contemplei o rosto de minha mãe. Não fosse a palidez de sua pele, ela podia simplesmente estar dormindo, com uma serenidade incalculável e até um mínimo sorriso estampado na face branca. Tinha partido em paz. Incomodada com isso, desviei o olhar para observar os inúmeros aparelhos que circundavam seu leito. Não sabia para o que serviam, mas sinceramente não tinha o menor interesse nisso. Aquelas máquinas eram simplesmente túneis que eu estava usando para escapar da realidade a minha frente. Fingir ter interesse por elas era meramente um instinto de sobrevivência, que usei para enganar a mim mesma e apaziguar um pouco o sofrimento que sentia.

Dando um muxoxo de impaciência, percebi o quanto estava despreparada para aquilo. Com meros 14 anos, a vida fora gentil comigo até então, e eu nunca tinha perdido alguém que realmente amava. Na verdade, um familiar meu já tinha falecido há muito tempo, tanto que eu sequer me lembrava da ocasião. Minha mente de cinco anos não conseguira entender tudo aquilo, e simplesmente escolhi obliterar aquela lembrança. Fiz uma escolha sábia, assim não conheci aquela dor tão cedo. Contudo, será que tal atitude realmente tinha sido a melhor coisa a se fazer? Neste momento eu mais uma vez me mostrava incapaz de absorver tudo aquilo. Continuava tão frágil quanto há nove anos.

Com tais dúvidas em mente, levantei-me e mais uma vez contemplei a face de minha mãe. Percebi como a pele pálida contrastava violentamente com seus cabelos negros e ondulados. Surpresa, toquei meu próprio cabelo com a mão e observei-o. Até então não tinha reparado como era semelhante ao dela... De que antepassado será que tínhamos herdado isso? Percebi quantas perguntas eu podia ter feito, quantas coisas tínhamos para conversar... Quantas vezes eu preferi ficar sentada na cama reclamando de tédio a ir falar com ela? Eu sou hipócrita... Por tanto tempo preferi a solidão, e agora que ela me era empurrada eu queria renegá-la mais que qualquer coisa. Senti um aperto no peito e levantei-me. Sabia que meu pai me aguardava à porta do quarto, chorando, mas esconderia as lágrimas ao me ver. Ele, exatamente como eu, também queria parecer forte para os outros. Não só para os outros, como também para si mesmo. Uma máscara de falsidade e mentira.

Dei as costas e caminhei até a porta branca. Tocando a maçaneta, puxei minha mão de volta como se tivesse me queimado. Receei. As lágrimas enfim tinham vindo aos meus olhos. Perguntei-me “O que eu faço agora?”. Seria agradável ficar ouvindo as condolências mecânicas dos médicos e enfermeiras que nunca tinham sequer conversado com minha mãe na vida? Certamente que não... Tampouco tinha intenção de ver outros parentes murmurando palavras de conforto enquanto se apiedavam. Eu queria ficar sozinha, apenas isso. Com os olhos novamente secos, enfim abri a porta do quarto. Como esperava, meu pai estava sentado em um banquinho do corredor, com os olhos cinzentos muito úmidos e a face corada. Esboçou um sorrisinho mínimo para mim, que não retribui. Por que agi assim? Não faço idéia.

- Vou pra casa... – Murmurei, sem encará-lo.

Ele devia ter assentido, pois não me impediu. Caminhei pelo corredor do hospital, passando por médicos e enfermeiros que corriam apressadamente buscando atender aos pacientes, muitos dos quais não tinham quartos e estavam precariamente acomodados nas galerias do lugar. Perguntei-me o que significava tudo aquilo. Qual era o sentido de viver, se a morte mais cedo ou mais tarde chegaria para todos? Aquela realidade me atingira como uma bala errante, e destruíra completamente as frágeis fundações sobre as quais eu tinha erguido minha vida até então. Que caminho eu devia tomar, se todos conduziam ao mesmo destino?

Deprimida, saí do hospital e observei a cidade a minha volta. Prédios, pessoas, carros, céu nublado, pessoas, vento... Pessoas, asfalto, frio, pessoas e mais pessoas. Ignorei a brisa gelada que fazia meu vestido azul esvoaçar. Tampouco a percebi de imediato, na verdade. Pus-me a vagar pelas ruas que pareciam encobertas por uma névoa cinzenta, sentindo um medo inexplicável de tudo e de todos. As vozes, os risos, eu queria fugir de tudo aquilo. Muitas pessoas. Cabisbaixa, caminhei por vários minutos, e só quando ergui a cabeça para atravessar uma rua avistei meu Eldorado: Um simples parque público. Sorrindo, percebi que meu desamparo terminaria ao sentar-me no banco de ferro que repousava em meio à grama verde. Corri até lá, exultante, como um homem perdido no deserto avança rumo à miragem de um oásis.

O parque estava vazio, possivelmente porque o céu estava encoberto por nuvens e em breve choveria. Não me importei com isso, pelo contrário. Ficar sozinha era tudo que eu desejava naquele momento. Sentando-me no banco, sorri tolamente olhando para os lados. Enfim estava salva... Observei o mundo a minha volta. A cortina cinzenta continuava lá, encobrindo todo o panorama, e agora se somava a ela o ruído de trovões ao longe. Eu estava enxergando tudo em preto e branco. Suspirei frustrada. Queria arrancar aquela angústia que dominava meu peito. Queria parar de sentir aquele sofrimento incalculável. Fixei os olhos no alto, e então uma gota d’água caiu em minha face. Tinha começado a chover. Olhei para os lados, pessoas corriam para evitar a chuva. “Por que a pressa?”, pensei, vendo o quanto todos temiam se molhar. Mas não eram todos. Ignorando a chuva que não tardaria a ficar mais forte, um garoto mirrado e moreno caminhou até onde eu estava. Contemplei seus olhos negros, sentindo-me incomodada. Se eu estava naquele lugar apesar da chuva, significava que queria ficar sozinha. Era difícil demais para ele entender isso? Alheio aos meus pensamentos, o pequeno se aproximou com uma expressão curiosa. Parecia não se importar com o fato de sua camiseta, calção e sandália começarem a ficar molhados.

- Tia, o que está fazendo aqui?

Não respondi a pergunta de imediato. Contemplei-o perturbada: Por que ele estava se importando comigo sem sequer me conhecer? Vacilante, respondi com uma única palavra.

- Nada.

Ele ergueu as sobrancelhas, e sorriu minimamente.

- Vai pegar chuva se continuar aqui, e isso dá gripe!

Desviei o olhar para a grama verde. Estava sendo advertida por um garoto que não devia ter mais de cinco ou seis anos? Que decadência.

- Eu sei disso... – Murmurei incomodada.

Para minha surpresa, senti que ele pegava minha mão. Encarei-o mais uma vez, e vi que ele sorria ainda mais.

- Então vem, não quero que você se molhe...!

Por mais que ele fizesse força, não conseguia fazer com que eu levantasse. Para facilitar seu trabalho, levantei-me e me deixei ser conduzida. Não entendo por que agi assim, mas a simples presença dele parecia apaziguar o conflito interior que ocorria em  mim. Juntos, atravessamos o parque enquanto a chuva se fortificava cada vez mais, e quando estávamos perto de um toldo subitamente me desvencilhei dele. Ele olhou para mim sem entender.

- O que foi...? – Perguntou preocupado.

Acredito que eu estava com uma expressão de raiva. Eu realmente sentia raiva. Até agora eu sempre tinha me virado muito bem sozinha, por que estava permitindo que aquele moleque se infiltrasse no meu psicológico e aliviasse meu sofrimento? Sem hesitar, dei-lhe as costas.

- Por favor, me deixe em paz... – Sussurrei, voltando para o parque.

Uma vez lá, sentei-me novamente no banco e olhei para o alto. A chuva agora caía forte o bastante para esconder as lágrimas quentes que lavavam meu rosto. Assim ninguém perceberia que eu estava chorando. Satisfeita, sorri ao sentir o sofrimento aparentemente abandonar meu corpo, pois enfim tinha parado de reprimir meus sentimentos. Eu não precisava de ninguém para ser feliz, afinal. Como eu tinha nascido sozinha e morreria sozinha, também viveria sozinha. Simples assim. Não precisava de outras pessoas para encontrar o caminho certo. Neste momento, percebi um movimento ao meu lado. Virando-me surpresa, vi que o garoto de antes estava sentado me contemplando, e sorriu pra mim.

- Você gosta desse lugar, hein, tia?

                                              Continua...
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domingo, 3 de junho de 2012

Bem vindos, leitores!

Olá a todos!

Como muitos dizem, o primeiro passo é sempre o mais difícil de se dar, e vejo que essa máxima vale na hora de criar um blog. A ideia de criá-lo surgiu há poucos meses, fui motivado principalmente por alguns amigos e amigas que também são escritores e decidiram fazer blogs visando a exposição de seus trabalhos. Nesta postagem inicial, falarei um pouco sobre mim e sobre o que podem esperar das minhas postagens.

Meu nome é Diego Nunes Lopes, sou um gaúcho que mora em Santa Maria e adora a cidade em que vive. Tenho 18 anos e curso Direito na UFSM, atualmente estou no segundo semestre. Desde pequeno sempre fui apaixonado por literatura em geral, apreciando os mais variados gêneros de romances, além de crônicas, contos e poesias.

Sou uma pessoa brincalhona até demais, e não hesito em dizer o quanto sou eclético em muitos aspectos. Por exemplo, meus gêneros literários favoritos são Fantasia e Policial, e no ano do vestibular fiquei em dúvida entre Direito, Psicologia, Medicina e Ciências da Computação. Sou uma pessoa que gosta muito de auxiliar os outros, sempre dando palpites e ajudando a solucionar conflitos ou resolver outros problemas (modéstia a parte, felizmente na maioria das vezes os resultados das minhas intervenções são satisfatórios!), mas isso já fez com que eu passasse por certas situações inusitadas...

Desde pequeno, eu sempre gostei de ler e escrever. Ainda na infância, aos 10 anos, comecei a escrever fanfictions sobre programas da TV e livros que apreciava, hábito que cultivei desde então (embora durante a adolescência - e mesmo hoje - a falta de tempo limite o número de horas vagas para cultivá-lo). Há alguns anos, comecei a planejar meu primeiro livro, contudo sentia que ainda não era hora de escrevê-lo. Felizmente hoje posso dizer que a publicação do primeiro volume da série se aproxima, é algo que eu aguardo há muito tempo!

Neste blog eu pretendo postar alguns trabalhos meus, como fanfictions, resenhas, contos, crônicas, biografias de autores, entre outros. Mas, acima de tudo, quero que seja um espaço agradável aos leitores que realmente amem literatura assim como eu. Portanto, entremos juntos nesta empreitada!