sábado, 28 de julho de 2012

[Resenha] Assassinato no Expresso do Oriente - Agatha Christie


Olá, leitores do blog!

Trago agora a resenha de um livro que terminei de ler há alguns dias, espero que apreciem.

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Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)
Capa da edição brasileira lançada pela editora Nova Fronteira

Título: Assassinato no Expresso do Oriente
Título original: Murder on the Orient Express
Autora: Agatha Christie
Gênero: Romance Policial
Ano de lançamento: 1934
Sinopse: "Pouco depois da meia-noite, uma tempestade de neve pára o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem está surpreendentemente cheio para essa época do ano. Mas, na manhã seguinte, há um passageiro a menos. Um americano é encontrado morto em sua cabina, com doze facadas, e a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho de Hercule Poirot para tentar mantê-lo fora de cena, mas, num dramático desenlace, ele apresenta não uma, mas duas soluções para o crime."

Um excelente thriller policial. Agatha Christie com certeza faz jus ao título de “Rainha do Crime” que lhe foi conferido, como pode ser visto nesse livro envolvente e genial.

A estória começa com o detetive Hercule Poirot, que acabara de resolver um caso na Síria e agora precisava retornar para casa a bordo do Expresso do Oriente. A princípio Hercule enfrenta alguns problemas, sendo o principal deles a falta de quartos disponíveis, visto que naquele dia o Expresso está com uma quantidade de passageiros particularmente grande para aquela época do ano. Após um dos passageiros não comparecer, o detetive enfim embarca e o trem parte.

A viagem seria rápida e transcorreu tranquila durante o primeiro dia, porém no segundo a calmaria foi quebrada. O trem foi obrigado a parar devido a uma tempestade de neve, e no dia seguinte Hercule descobre que um dos passageiros foi assassinado. A partir daí se inicia uma intensa investigação sobre o crime, que se mostra bastante complexo e, em dados momentos, aparenta ser impossível de ser solucionado. Pistas falsas, mentiras, mistérios, tudo vai de encontro ao detetive visando confundi-lo e atrapalhar a investigação.

Confesso que não tardei a ter suspeitas sobre qual seria a explicação do crime, suspeitas que mais tarde se confirmaram parcialmente, porém de modo algum isso desmerece a obra. Agatha Christie consegue confundir o leitor de modo que a cada capítulo a opinião dele sobre quem é o criminoso muda e, caso isso não aconteça, suas convicções serão no mínimo abaladas graças às reviravoltas drásticas que acontecem.

Senti um pouco a falta de uma introdução ao personagem protagonista, porém posso supor que a autora julgou que não havia necessidade, visto que ele está presente na maioria dos seus romances. Admirei muito sua capacidade de inferência e também os leves toques de humor que ele gerava de vez em quando, principalmente por ser bastante metódico e até um pouco rabugento. Um destaque a meu ver foi o fato de ele não sair atrás de pistas como pegadas, impressões digitais ou afins. Como ele mesmo disse em dado ponto do livro, “os criminosos de hoje não cometem mais esse tipo de erro”, e por isso praticamente toda a investigação de Poirot se baseia no depoimento daqueles que estavam a bordo do Expresso na noite do assassinato.

Um ponto que achei falho, mas que não tem qualquer relação com a autora, é em relação à tradução. Ao longo do texto são feitas diversas citações em francês, que poderiam ter sido traduzidas. Sei que na versão inglesa original tais citações também estavam em francês, porém acredito que traduzi-las seria o mais acertado mesmo.

No mais, achei o final excelente, digno da trama apresentada. Já adianto que é necessário prestar muita atenção nos últimos capítulos, visto que a solução do caso é explicada tão detalhadamente que pode até mesmo confundir o leitor. E com certeza vai surpreendê-lo.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

[Crônica] Voto de Cabresto

Olá a todos!

Desta vez trago uma pequena crônica que escrevi, espero que a apreciem e também as mudanças que farei no blog em breve!

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Voto de Cabresto

A jovem jornalista, sentada em uma bonita e confortável cadeira, olhava curiosa para o entrevistado. Era seu primeiro dia no novo trabalho, um jornal de uma pequena cidade, então sem mais delongas pôs-se a questionar.

- Pode confirmar seu nome?
- João da Silva.

Com um movimento rápido, ela anotou a resposta na caderneta.

- Quantos anos o senhor tem?
- Quarenta e três.
- Sempre votou?
- Tirando a época dos milico, sempre sim.
- Entendo. E o que pensa sobre as eleições que estão se aproximando?
- Ahh, é aquilo né... Uma robalheira só. Esses político não vale nada, só bandido vence eleição.

Ela acenou afirmativamente, quase inconscientemente, enquanto anotava a resposta dada. Voltou a encará-lo.

- Então o senhor acredita que as eleições não mudam nada no país?

Ele assentiu vigorosamente.

- Isso, isso... Esses cara são tudo areia do mesmo saco! Por causa disso esse país não tem salvação, só bandido, só safado...
- Mas o senhor já pesquisou sobre cada um dos candidatos?
- Não, não, não preciso pesquisar. Já sei bem em quem votar... Pedro Lima.

A jornalista ergueu as sobrancelhas.

- Se ainda não pesquisou, como decidiu?

O senhor abriu um sorriso, orgulhoso.

- Ele disse que ia arrumar um emprego melhor pra mim na prefeitura se votasse nele, sabe? Tô precisando de um salário maiorzinho...

Ela fez uma anotação rápida, e ele subitamente enrugou a testa.

- Mas não sai espalhando por aí, senão ele não me dá o emprego.
- Certo. E em relação ao cargo de vereador, o senhor já decidiu em quem votará?
- Não, pra fala a verdade ainda nem sei o nome dos candidatos.

Ele riu e ela retribuiu com uma risadinha sem graça, fazendo uma nova anotação e continuando com as perguntas.

- Mas senhor, faltam apenas três dias para a eleição... Há quatro anos decidiu em quem votar quantos dias antes dela?
- Ah... Prefeito e vereador foi no dia da eleição. Quando eu tava na rua indo de a pé, um sujeito entregou um panfletinho que eu li até lá, e por causa dele decidi em quem votar.

Outra anotação, e a jovem o encarou.

- E os candidatos cumpriram suas expectativas?

Ele balançou negativamente.

- Só robalheira, só robalheira...

De repente olhou para o relógio preso à parede e se sobressaltou. Levantando-se, começou a despedir-se apressadamente.

- Tenho que ir agora menina, tenho um compromisso.

Surpresa ela apertou-lhe a mão, fitando-o.

- É inadiável?

Ele assentiu, sorrindo, mais uma vez, orgulhoso.

- Sim. O Pedro Lima vai dar uma feijoada no ginásio municipal e eu fui convidado. É homem bom, sabe? Mesmo sendo político, com toda essa robalheira...

Dizendo isso saiu da casa, feliz por ter sido convidado para um evento tão importante e por alguém tão importante.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

[Resenha] Marley & Eu - John Grogan

Olá, leitores!

Pretendo começar aumentar o ritmo das postagens no blog, então trago agora a resenha de um dos meus livros favoritos, Marley & Eu. Espero que gostem!

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Marley & Eu (Marley and Me)
Capa da edição brasileira lançada pela editora Prestígio

Título: Marley & Eu: A Vida e o Amor ao Lado do Pior Cão do Mundo
Título original: Marley and Me: Life and Love with the World's Worst Dog
Autor: John Grogan
Gênero: Comédia/Drama - Romance autobiográfico
Ano de lançamento: 2005
Sinopse: "A história amorosa e inesquecível de uma família em formação e o maravilhoso e neurótico cão que lhes ensinou o que realmente importa na vida."

Certamente é um dos meus livros favoritos. Me identifiquei muito com a história, provavelmente por também ter uma labrador e já ter passado por várias das situações descritas por John Grogan.

Um casal compra um cachorro, com a intenção de treinar os cuidados para quando chegasse a hora de ter um filho. O que não imaginavam é que ao comprar aquele filhotinho fofo de 5 kg, após algum tempo ele se transformaria em um enorme cachorro de 43 kg e, acima disso, completamente incontrolável! Irreverente, hiperativo, teimoso, e com uma fobia de tempestades que leva a situações bastante cômicas – esse é Marley, o cachorro do qual o livro fala.

Contudo, engana-se quem pensa que o livro se limita a falar sobre o labrador. Mais que isso, a meu ver é basicamente uma história sobre a formação e crescimento de uma família, com um destaque especial para a mascote da casa. Apesar de simples e até previsível, a história cativa por suas passagens tragicômicas e também pela narrativa em primeira pessoa de John, que apresenta seu ponto de vista fazendo comentários que aumentam a curiosidade do leitor e incentivam-no a continuar.

Confesso que fiquei com um pé atrás na hora de começar a ler o livro, visto que é bem diferente dos gêneros que costumo ler. Peguei mais a título de curiosidade para ver se realmente era tudo que estavam falando. Me surpreendi, pois de fato é. Ainda não assisti ao filme, porém se for tão bom quanto o livro, sem dúvidas vale cada centavo gasto. Para quem aprecia uma boa comédia com toques de drama, Marley & Eu com certeza é uma excelente pedida!

É uma história realista, com narrativa agradável, e também não é única. Mas esse é justamente o diferencial que dá o destaque a ela, visto que certamente algumas das situações descritas já foram vivenciadas pelo leitor, que se identifica com elas. Inúmeras histórias semelhantes devem ter acontecido ou estão acontecendo pelo mundo, e ao menos para mim o livro fez recordar todos os “Marleys” que já tive na vida. Muitas vezes me identifiquei com os personagens humanos, que passam por diversas situações ao longo da trama, boas e ruins, e em qualquer uma delas Marley está lá, sempre pronto para animá-los com seu bom humor e carisma.

Outro ponto que merece ser destacado é o título, imensamente irônico apesar de inicialmente soar como verdadeiro. Enquanto muitas pessoas julgariam Marley como um cachorro louco e o expulsariam de casa, a família Grogan conseguiu enxergar a verdadeira essência dele, percebendo assim que "o pior cão do mundo" na verdade era um exemplo da mais pura lealdade e amor incondicional.

Para encerrar a resenha, vou citar um trecho do livro:

Com o dinheiro que gastamos com Marley, poderíamos ter comprado iates. Mas quantos iates te esperam na porta de casa depois do trabalho ou te acordam com uma lambida no rosto pela manhã?

Marley & Eu é um livro engraçado, comovente, simples, realista e um prato cheio para qualquer leitor que goste de animais (embora eu também tenha visto relatos de pessoas que odiavam cachorros e mudaram a visão sobre eles após ler o livro)!